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Você conhece seus riscos humanos?

De acordo com o Diário Baguete, as ferramentas de segurança são inúteis se o comportamento da equipe é de risco.
riscos humanos

Quando estamos falando de riscos, pensamos muito no que pode vir de fora e nos pegar de surpresa, como um hacker atacando nossas aplicações e servidores ou um fornecedor que abre nossas informações para a concorrência. Dificilmente, pensamos no nosso próprio comportamento.

A realidade é que nosso comportamento pode ser de risco e nem nos damos conta disso. Por “nosso comportamento”, entende-se qualquer comportamento das pessoas que trabalham em benefício da empresa, de sócios a colaboradores.

Sem dúvida, uma empresa não existe sem as pessoas e para as pessoas. Só que o comportamento humano de risco pode ameaçar a atividade empresarial em vários níveis e em várias frentes. Isso quando não representa risco para o próprio indivíduo (haja vista todas as diligências necessárias na segurança do trabalho, por exemplo). Quando o comportamento humano é analisado sob a perspectiva da segurança, abrem-se muitas janelas de atenção para os gestores.

Do ponto de vista da responsabilização, a empresa pode ser obrigada a indenizar terceiros por danos comprovadamente decorrentes da sua atividade, produtos ou serviços. Por isso, a empresa se responsabiliza pelo comportamento imprudente ou propositalmente malicioso de todos os seus agentes, que são as pessoas vinculadas à empresa por contrato de trabalho, prestação de serviços ou qualquer outra relação que puder causar a percepção de que a pessoa tem autorização para atuar em nome da empresa. Ou seja, toda a força de trabalho envolvida na atividade empresarial tem o potencial de causar danos a terceiros caso o seu comportamento seja de risco.

Por essa razão, a empresa deve realizar uma série de atividades para mitigar os riscos humanos, como a capacitação constante dos colaboradores e a adoção de ferramentas técnicas que controlem e padronizem o comportamento humano durante a execução do trabalho. Não se trata de robotizar as pessoas, mas de garantir que haja razoáveis níveis de previsibilidade, qualidade e segurança na entrega de produtos e serviços ao mercado.

A padronização do comportamento dos colaboradores com relação ao trabalho começa com a conscientização dos envolvidos sobre a responsabilidade da empresa e de sua contribuição individual para que tudo corra bem nas suas atividades. Para cada departamento da empresa e para cada nível hierárquico, há particularidades a serem definidas pela gestão através de Políticas e incorporadas em mecanismos de padronização, como os Procedimentos Operacionais, Instruções de Trabalho, Cartilhas, Manuais, Playbooks e outros (os nomes dos documentos podem variar de acordo com a preferência da empresa).

Nos negócios digitais e de tecnologia, a segurança é essencial, pois qualquer falha de segurança representa uma falha no próprio produto ou serviço, já que uma falha de segurança torna o produto ou serviço impróprio para o consumo ou pode prejudicar o cliente. É como quando um restaurante não cuida o prazo de validade dos ingredientes ou quando uma indústria de cosméticos utiliza matéria-prima contaminada. O cliente simplesmente não consegue se beneficiar do que comprou ou, pior ainda, acaba sendo prejudicado pela compra.

Há inúmeras ferramentas de segurança disponíveis no mercado. Praticamente tudo o que se faz usando tecnologia pode contar com dispositivos de segurança que protegem de APIs a servidores, de aplicações em nuvem de terceiros a sistemas on premise proprietários. Nada disso é efetivo, no entanto, se o comportamento humano for de risco. Por essa razão, que a conscientização das pessoas é tão essencial.

Os colaboradores precisam, antes de tudo, entender que estão a serviço da empresa em todas as interações de trabalho. Precisam compreender que as informações sigilosas da empresa estão sob seus cuidados porque precisam delas para o trabalho e que elas não devem ser usadas fora do escopo de suas atividades profissionais. Necessitam ter a consciência do que significa ter postura de segurança no contexto do seu trabalho.

Para que a percepção das pessoas esteja alinhada com as necessidades da empresa, é dever da empresa esclarecer quais são as regras éticas para cada tipo de trabalho desempenhado. Além de organizar programas de conscientização e capacitação dos colaboradores, as empresas precisam comprovar que tomaram os cuidados necessários relativos à sua equipe.

A empresa deve esclarecer as regras éticas para cada colaborador através de cláusulas nos contratos de trabalho, treinamentos e campanhas de conscientização e também da divulgação dos documentos da Governança Corporativa, que devem ser constantemente revisados e divulgados com linguagem própria para o público a que se direcionam.

No caso dos empregados, por exemplo, o Contrato de Trabalho deve conter Cláusula de Sigilo e Confidencialidade. A própria legislação trabalhista já prevê o dever de sigilo entre as regras de demissão por justa causa. Então não se trata de um assunto novo nas relações de trabalho e não diz respeito apenas ao uso de ferramentas tecnológicas, mas à conduta do colaborador como um todo.

É fundamental que os colaboradores percebam a existência da Governança dentro da empresa para que tenham orientação sobre as expectativas da empresa com relação ao seu comportamento, inclusive sobre os cuidados que devem tomar na condução de suas atividades no dia-a-dia. Os riscos de segurança de cada atividade devem estar muito claros para todos os envolvidos e todas as medidas de contenção dessas ameaças devem ser conhecidas e treinadas.

O cuidado com esses aspectos da Governança requer dedicação da liderança e assessoramento técnico adequado. Os conhecimentos necessários para a gestão da Governança e dos Riscos Corporativos podem ser desenvolvidos internamente ou contratados como serviço, mas o primeiro passo é a percepção da necessidade desse tipo de cuidado. Este artigo tem esse objetivo: despertar a consciência da liderança sobre os riscos do comportamento humano na organização.

*Por Elaine Montezzana, fundadora da Consonate GRC.

Tem ainda alguma dúvidas, quer saber mais sobre LGPD, ou precisa de ajuda, clique aqui e entre em contato conosco.

Fonte: Baguete diário

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